quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A ENXADA E O LIVRO



 
Um pensador já disse que o homem é um ser simbólico. Bela e sábia constatação. É através do aspecto simbólico que, ao longo de toda a história da humanidade, alguns dominaram a consciência coletiva e impuseram ao povo seus cruéis e inconfessáveis desígnios. O símbolo é consorte do interesse, este sim é que move o mundo. Todas as ideologias e causas têm, como pano de fundo, o interesse de uma pessoa ou de um grupo. Para ser mais cotidiano, vou lembrar dos símbolos e imagens, abstratas ou concretas, tangíveis ou intangíveis, que povoam o nosso dia a dia em Barro Duro. Antes quero falar da razão de umas coisas darem certo e outras não na sociedade. Quando busco na memória uma ideia (ou coisa) que deu certo e mereceu acolhida de todas as gentes, lembro do CAPITALISMO. Na concepção mais popular, capitalismo é um sistema de liberdade em que o mais arguto aufere maior lucro e vantagens na relação com as outras pessoas, seja no âmbito do mercado, seja nas demais relações da vida social. É instintivo, foi talhado na essência da natureza humana, nesse desejo invencível para uns de querer sempre se dar bem e tirar vantagem em tudo. Aqui predomina a paixão por somar e multiplicar. Praticamente não é uma ideia e sim uma coisa natural. O SOCIALISMO é uma coisa que não deu certo. Era uma ideia bonita, mas contrariava a essência da maioria dos homens. Inclusive de muitos que se autodenominam socialistas. As pessoas nutrem grandes reservas em relação as operações dividir e diminuir. Por isso, lembrei, nesta manhã, ainda na esteira da eleição municipal, que o símbolo socialista do martelo e da foice (proletariados e camponeses) era uma grande balela. As classes mais simples nunca comporão governo algum. O flerte com as massas guardam sempre o recôndito propósito de seduzi-la para, em seguida, lhes manipular. Os símbolos opostos que povoam minha memória em Barro Duro são A ENXADA E O LIVRO. A primeira representa a atividade rural. A serra do Cipó era a montanha de Sísifo. O trabalho fatídico e honesto de lavrar a terra, cuidar do gado e esperar em Deus a bendita chuva para produzir a vida que é possível ter. O livro, em nosso caso, representava o acesso ao mundo do conhecimento e uma maneira de adquirir uma profissão intelectual. Mas vê-se que no tocante à eleição em nosso lugar nem o livro nem a enxada, nem o trabalho nem o estudo são coisas determinantes para vencer na política. Nisso contraria tudo, absolutamente tudo que aprendi. Meu pai me ensinou que se vence na vida pelo trabalho ou pelo estudo. Em política isso não tem se revelado verdadeiro. O interesse imediato é o motor da compra de voto. Para o povo, o amanhã não existe. Porém, minha luta é esta: mostrar que o amanhã existe e deve ser construído no hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário