sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O CACHORRO E O PORCO




Diz-se que era uma vez um homem que tinha dois animais de estima pessoal: um cachorro e um porco. Ao que se sabe o cachorro é o mais solidário dos quadrúpedes da terra. O que já lhe legaria uma reputação de peso. Mas não param por aí suas virtudes. É companheiro. Luta pelo seu senhor, ainda que com manifesto risco próprio. Tem ótimo humor. É o guarda fiel que nunca abandona o seu amigo, mesmo que este esteja fragilizado. Mesmo quando todos se vão. Ter a companhia de um cachorro é ter a certeza de que nunca se ficará sozinho. E ter um amigo de verdade para juntos gozar a vida e eventualmente compartilhar as dores é um luxo inefável. Ninguém, com o senso de prudência ainda no comando, pode prescindir dessa dádiva dos céus para enfrentar os desafios constantes da vida. O cachorro é sempre um amigo verdadeiro. Um amigo verdadeiro é sempre um cão acostumado a nos acompanhar em toda travessia. Seja na luta sem vitória. Seja no choro de um sonho frustrado, que nem sempre se diz covardia. Seja no recomeçar várias vezes. Seja no acreditar que, quando menos, temos um bom amigo para dividir a dureza desses dias. Já ninguém ignora que o porco é um fanfarrão. E que blasona de valente, poderoso e amigo sem o ser. Preocupa-se apenas com sua própria porção. Ainda que de comida suja. Quer estar mordendo o tempo todo, mesmo que na lama. É barulhento. Fétido e covarde. O porco é leviano por natureza. Se a gente sangrar e perder a alegria, ele vai atrás de ração em outras cercanias. Não importa o quanto engordou sob nosso cuidado. É o seu destino suíno. Movido pelo seu instinto pantagruélico, devora tudo que se põe em seu caminho. Diz-se que o homem mantinha os dois animais com a mesma atenção e carinho. Mas o porco não fazia caso dele e só se interessava em tirar algum proveito daquela relação. O homem aprendeu muito com as características daqueles animais e ficou sábio. Percebeu que, não importa o que se faça, o estilo do porco nunca muda e ele nunca vai deixar de ser egoísta e interesseiro. Também já tive muitos amigos desse estilo. Por isso, hoje me resta pouca ração de paciência com essa classe. Agora só dedico tempo para amizade com verdadeiros companheiros. Que sejam leais como os cães. E saibam distinguir bem para que servem os amigos. 


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