terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

UM POUCO DE TERNURA



Hoje preciso de um alento que se configure em delicadeza. Lembre os dias mais amenos em que se espanta o frio com um abraço. Hoje não tenho paciência para o desamor. Chega-se uma hora em que a gente espera uma brisa e um sorriso apenas. Quando o gesto grave não é oportuno. Quando ser forte não importa. Hoje, como numa bela canção de que gosto, queria "te levar pra casa". Sonhar com um futuro bom e te contar por que andei distraído. Mas que dias são esses em que se vive ? A gente não reconhece um gesto de carinho. Põe-se exaustivamente na defensiva e descrê que exista um amigo para confiar. Tem hora que a gente precisa de um pouco de ternura. Tem horas que a gente não aguenta segurar a onda sozinho! Às vezes a lógica não satisfaz. É quando lembro das coisas banais de minha vida em Barro Duro. Do meu riacho mucambo de peixes miúdos. Um fio de água deslizante. Eu deitava na areia fria. construía tocas subaquáticas. O dia passava ligeiro e eu não tinha pressa de sair de lá. Apressava o passo só próximo as mangueiras do Cirilo, porque lá tinha "visagem", o próprio finado vigiava suas mangas. O Bob, o Carlito e o Manin eram mas velozes que eu. Ficava sempre atrás e somente o medo fazia de mim um velocista. Naquele tempo não me aborrecia com a malícia dos governos. Sequer tinha conhecido minha primeira namorada. Os melhores lugares do mundo eram o riacho, o campo do vasco, a barragem do Riacho Seco e a caixa d'água da Agespisa na praça da matriz. Sabia-se lá o que vinha a ser "contingência material", "incompatibilidade de gênios" ou "reserva do possível" ...? Importava assistir ao Giraia e dormir sem banhar exausto do dia feliz. Hoje só queria dormir com  essas lembranças ternas de um tempo em que era simples encontrar forças para lutar.     

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