terça-feira, 7 de agosto de 2012

A PAIXÃO DOS OPRIMIDOS




O bumba meu boi no Maranhão e a eleição municipal em Barro Duro têm em comum a paixão dos oprimidos. Existe uma gente que é o sangue e a alma dessas manifestações culturais e políticas, respectivamente. O povo vai à rua com bandeiras. Cantam e sorriem as alegres turbas. Uns se abraçam no calor fraternal. Acreditam ali que realmente os homens são iguais e que não havia motivo para cerimônias, uma vez que a vitória trará a alegria para toda a cidade. No Bumba meu boi, os tambores ressoam e a gente acompanha a batucada ao sabor do São João da Barra. Que momento de êxtase! As índias rodopiam com harmonia a dança aprendida de seus pais. São leves e faceiras e sensuais e causam frenesi. Aqui não importa quão dura é a vida. A existência se reduz à paixão que o maranhense pobre tem por sua cultura. E é essa gente de aspecto sofrido que faz a festa maior do Maranhão. NA ELEIÇÃO DE BARRO DURO os excluídos de toda sorte de poder são quem põem a alegria na rua. Defendem com unhas e dentes e cantos de louvor uma bandeira que definitivamente não lhes pertence. Se alegram com quem lhes despreza. E beijam e abraçam quem na verdade lhes têm asco, mas cujo interesse pessoal faz dominar qualquer asco. As pessoas mais simples de Barro Duro, que sempre fizeram as multidões nos comícios municipais nunca foram respeitadas pelos arrumadinhos privilegiados da cidade. Também a vitória na eleição nunca significou melhoria na vida da população. Os mais pobres nunca foram prioridade em Barro Duro. É sempre uma classe média local que se ajeita em qualquer administração. E o chamado "povo" espera a próxima campanha para levar a bandeira tal qual o animador de bumba meu boi na noite formidável de São João aqui deste, também terrível, Maranhão. Mas os oprimidos daqui como os daí têm paixão pela bandeira que carregam. Pensam resignados que os bens sociais existem para manter o privilégio de poucos. E consciência, caros leitores, é coisa muito fugidia. E anda um tanto ausente em nosso lugar. Passei uma semana em Barro Duro em plena campanha eleitoral. Teria de ser mil vezes mais ingênuo para me alegrar com o que vi. O quadro é realmente triste e estarrecedor. Vou votar sem nenhuma cresça em melhora imediata. Convido os verdadeiros filhos de Barro Duro para reagir e fazer algo por nossa terra. É estranho, porque os que mais sofrem parecem felizes, mas é um mero efeito da manipulação das massas. Pobre do oprimido que vive de fortalecer o opressor. Deus salve o nosso ingênuo Barro Duro.          

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