domingo, 12 de agosto de 2012

SÓ PARA MEU REI

Ao melhor pai do mundo: Luiz Zuca



Este coração comovido tem muita coisa a dizer. Meu pai foi rei ! Não foi ? Claro que foi ! E era o meu herói em seu cavalo inglês. Disso eu não tenho dúvida. Enfrentou todos os lestrigões e os ciclopes. O gigante Adamastor e o Minotauro. Por mim, matou o leão de Nemeia e capturou o javali de Erimanto. Veio em seu corcel ao meu encontro, quando tive febre. E bradou abruptamente para que Pandora se calasse. Andávamos juntos em Nova Vida. Cruzava a Flor da Mescla. Não reconhecia os obstáculos para transpor o Rosário da beira do rio. Quando adoeceu me abraçou com ternura e disse que ia voltar. Regressou conforme o prometido. Aí viemos parar aqui nesse nosso Barro Duro. Assim criamos raízes, lutando sem nos acovardar. Quando todos vêm contra nós estamos unidos. Ninguém insulta só a um. Atravessamos as intempéries mantendo o olhar firme. Olhando para trás sim, mas só para nos orgulhar. O nosso reino é construído na rocha. E aqui não há disputa por poder. Nosso exército é leal. Nosso hino é o coro das crianças da rua. Meu velho lê todo dia o livro sagrado. Sabe pensar e não aceita privilégio nato de espertalhão. Não elogia facínora. Combate na solidão. A calma, a tática de guerrilha. O silêncio, sua maior forma de expressão. A alegria, o nosso reencontro. A política, o que o faz falar. É o natural e verdadeiro amigo. Nunca cerceou minha emoção. "Oh! meu velho indivisível !". Amor, respeito, ternura, alegria, paciência, concórdia, vontade de trabalhar, gentileza, o trato inefável. Por que não consigo ir embora? Ora, não me façam rir ! Os vícios que traz inda nos diverte. É um senhor formidável. Perde quem não o conhece. Eu tive o privilégio de ser súdito desse rei justo. A vida me compensou por ter deixado umas pedras no caminho. Mas nós as quebramos com nossa marreta. E os paus, partimos com nosso machado. Limpamos o mato com a roçadeira e nada subsiste ao nosso amor. Agora me recomponho e peço desculpas ao leitor por ter tergiversado tanto com as palavras. É que só a excepcionalidade traduz melhor o meu pai. Meu Luiz, rei Luiz. A bênção desse seu filho que lhe tem muita admiração e amor. E digo: É impossível ser como o senhor.        

Um comentário:

  1. TEMOS A IMPRESSÃO Q OS HOMENS POR NATUREZA SÃO INSENSÍVEIS... E NORDESTINO ENTÃO... POREM,ESSE DEPOIMENTO PROVA O CONTRÁRIO...
    ASSIM SENDO, QUEM DERA QUE OS BONS SENTIMENTOS SEMPRE FOSSEM COMPATILHADOS, VIVIDOS E EM ESPECIAL VERBALIZADOS...

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