Hoje acordei com uma imensa saudade de minha namorada do
Dirceu. A gente se encontrava na praça dos correios, após a aula no Pires de
Castro. Ela tinha o cabelo preto de Iracema. Beijava forte com indisfarçável
frenesi. Eu era louco por ela. Ela sabia, mas fazia conta de meu amor. Não
tinha ardil, era simples. E eu era feliz com aquela menina do Dirceu. O Jhonson
naquele tempo já era meu melhor amigo. Ele flertava com a amiga de minha namorada.
A gente vez ou outra sequer ia à escola. Antecipava-se logo a melhor parte do
dia. A conversa era sempre interessantíssima, mas eu não prestava atenção. Só
olhava a boca e o sorriso de minha linda namorada. Por causa desta saudade,
hoje, eu queria ser poeta. Mas queria ser um poeta triste para fazer uma poesia
de pesar. Nela eu queria colocar as dores que nunca tive. As dores inventadas
para um amor que não aconteceu. Um amor inquietante que varria tudo inclusive
as lembranças doces. Um amor que esqueceu de existir. Hoje eu queria ter uma
lembrança mais forte daquele tempo no Dirceu. Tempo de mistério em que por
pouco não tive um grande amor. Hoje queria ter outra saudade, mas só foi possível lembrar
de uns cabelos de Iracema que também amei, há muito tempo, na praça dos
correios no Dirceu.
Teus textos são cativantes. Não consigo ler a primeira frase sem ter uma vontade enorme de chegar até o fim (e com aquela vontade de que o fim nunca chegue). Sabias que estou mal acostumada? Li teu texto agora e te imaginei lendo pra mim, lá no auditório. Poucos sabem, querido amigo, como suas produções declamadas possuem um toque especial. Ah, como sou lisonjeada! Um grande abraço.
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