Há
tantas coisas a pensar em uma madrugada chuvosa que uma crônica
parece pouco. São cinco horas agora. Cai uma chuva delicada. O
galo não canta. Ninguém toca o silêncio senão
a água no telhado. A vida vista de dezembro. A mamãe em
Itaquaquecetuba com a Maria e o novo rebento. O Francisco não
vem mais em janeiro. O Edílson casou, mas o cônjuge não
é digno de nota. O Manoel, que tanta falta me faz neste final
de ano, também não vem ao Piauí por agora. O
cotidiano não é tão simples. Só permanece
mesmo a mudança vista pelo filósofo Heráclito. O
Magno vai para o Rio Grande do Sul. São Pedro tem um novo
prefeito. Aline e eu voltaremos ao Corda e Mearim, nossa mesopotâmia.
O Valdinar e a Tatiana agora moram em Minas. As histórias se
espalham, mas os pensamentos nos ligam. Tanta vida a pensar neste
instante que uma crônica parece pequena. Foi tudo igual com os
homens. A partida em janeiro, o esforço colossal no trabalho,
as lembranças da terra natal. Agora a cerveja do moderno Baco.
O grito de afirmação. Por um instante não ser
oprimido, mas burguês. Até que o novo ano vem e com ele
a rotina fatídica de Sísifo. Rolai pedra impiedosa! Um
sorriso largo sempre vai bem em dezembro. Os encontros alegres como
introito de partida. Como disseram Teixeira e Sater “ um dia a
gente chega e em outro vai embora”. Assim, é mesmo hora da
consoada familiar. Feliz do que traz de bom. Triste do que deixa de
saudade. Já passou o show de Roberto Carlos. A ceia de natal.
Vieram os confrades que tiveram de vir de São Paulo. Agora só
resta a corrida de São Silvestre para o ano acabar. O dia
raiou agora. Muita coisa precisa ser feita. Quem sabe realizaremos um
pouco mais no ano vindouro. Que o ano novo seja verdadeiramente
feliz!
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