Todo mundo gosta de dizer, eu inclusive, que estudar é
importante. Às vezes não admito, para não ser mal interpretado, é que eu próprio
não gosto de estudar em escola. Nunca gostei. Ser um estudioso de colégio é estar
disposto a perder tempo com uma série de bobagem, que os ditos sabidos sempre nos
impõem nesta vida. Até os mais tolos um dia vão perceber que foram enganados na
escola e que os mestres da vida podem ser mesmo a estrada e o vento como disse o
músico Elomar. Passei 24 anos de meus dias, em sala de aula, como estudante. Estou
hoje convencido de que teria aprendido mais se estivesse ficado metade desse
tempo pescando no Riacho do Mucambo e a outra metade observando como as pessoas
procedem em face de seus semelhantes. Mas tive, como ainda tenho, de tolerar
muita coisa para garantir meu sustento. E é nesse sentido que digo que estudar
é importante. Devo, no entanto, reiterar que a vida é mais do que um presunçoso
paradigma oficial. Na arte de aprender não se deve deixar tolher pelas escolhas
alheias. Cada um procure sua alma e faça suas escolhas, que sempre são certas.
Aqui ainda poderia maldizer o governo por uma série de coisas erradas que
pratica e por absurdas nomenclaturas da burocracia oficial que se vê, mas não
escrevo para isso. Quero consignar umas coisas de outras bandas. Agora sim,
entrei na estrada, subi em meu cavalo Paturi, no lugarejo Nova Vida onde nasci.
Andei léguas no lombo de meu bom companheiro Paturi. Até que cheguei ao topo da
Montanha da dúvida. Foi quando vi um homenzinho
solitário em uma modesta cabana. Tive ímpeto de fazer logo mil
perguntas, mas me contive diante de tamanha perplexidade. Ele foi logo me
dizendo: "Já estive no lugar de onde você veio. Às vezes, pensa-se mesmo
em desistir. A gente planta, cuida e nunca colhe os frutos. Tem sempre alguém
ávido por poder e glória a nos combater. Todavia só vão lhe vencer se você
parar de lutar. Quem luta sempre nunca perde no combate da vida". Eu
queria saber mais sobre aquele homem que via tão alto. Mas me lembrei de que
diante de um grande mistério não se deve perguntar nada. Retornei logo. E
quando cheguei em casa já era noite. Vi que o mundo hoje está menor. Assisti a
uma aula de Ariano Suassuna, vi João Cláudio falando de Luiz Gonzaga no Senado
Federal. Ainda curti um belo show de Maria Bethânia e fui dormir decidido a
continuar na luta, para nunca perder, conforme ensinou aquele senhor na
Montanha.
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