Minha filhinha, agora são 4h43min de uma sexta-feira, 13 de
dezembro de 2013. Daqui a seis dias, se o bom Deus quiser, você fará dois
aninhos. Acordei pensando em você, como muitas vezes acontece. Estou sozinho no
apartamento da rua Wady Haddad, em Santa Inês. Você está com Aline e Olívia na
casa da vovó Toinha em Barra do Corda. Você não faz ideia do quanto te amamos,
sua mimadinha. Você ainda não compreende o quanto me custa acordar no meio da
noite sem poder ir até teu berço te olhar. Fico me lembrando do teu pijaminha de
elefante rosa, do teu sorriso cativante e de teu engraçado ritual. Primeiro,
não dorme direito na noite que eu chego. Acorda mais cedo, levanta no berço,
chama papai e ergue os bracinhos: "acende, pai (a lâmpada), desliga, pai (o
ar), leite, pai (quer a mamadeira). Eu fiz uma música para você. Fala de teu
sorriso, quando viu uma revoada de passarinhos, no sítio do vovô Zeca. Teu
sorriso é o maior alimento psicológico que tenho na vida. Li hoje aqui, num
livro de Miguel de Cervantes, com grifo de tua mãe, quando ela o leu, que
"as tristezas não se fizeram para os brutos, e sim para os homens; mas se
os homens as sentem demasiadamente embrutecem". É por você que eu sou
alegre, querida filha. Por causa de você e Olívia é que não embruteço. Eu sei
que sou o teu palhaço, como todos dizem na família, que atrapalho tua educação,
que te deixo subir na mesa na churrascaria, (isso era horrível quando eram as
filhas alheias), que te pego no braço mesmo dentro de casa, quando você quer,
que te dou biscoito, quando todos já te negaram. Eles não entendem, querida
filha, é que teu sorriso abre para mim as arredias razões existenciais e a
explicação mais singela para os afetos. Que ver você sorrindo é o que mais
almejo na vida. Eu sei que vez ou outra terá tristezas. A vida não é fácil. Mas
nunca perca tua alegria, minha filha. Que por toda tua vida se lembre disso, o
papai quer você sorrindo. Feliz aniversário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário