Os símbolos da alegria são
belíssimos. A gente vê o mar e pensa em correr na praia, enfrentar as ondas e
comer camarão, lembrando do tempo em que só se mordia mandi frito na beira do
riacho. A casa é a mesma, mas a moradora hoje sabe que tem quintal. Um quintal
com pomar e cheiro de frutas várias. Ela sente a pele rugosa da cajazeira e vê
que a goiabeira é lisa e macia. Pode pisar o chão segura e ver um céu claro e
um sol forte a lhe trazer encantamento. A gente tem noites de vendaval, às
vezes. O céu escurece e o sol se esconde atrás de densa nuvem negra. A luz fica
fraca e perde-se até o brilho no olhar, que sempre se teve. Há um tempo para
ver o vale e a montanha, a flecha e a mão do arqueiro. A gente só sabe se é
livre nessas horas. Nada se mostra por inteiro. E as circunstâncias embaçam a
visão. Não é possível ter certeza, mas deve-se seguir a intuição de fazer a
coisa correta. É assim a história dos lutadores. Essa é a arte dos que buscam
equilíbrio na vida. A gente vê que a vida pode dar certo e que as escolhas
honestas sempre vão trazer alegria. Agora é hora de sorrir sem modos, tirar
fotografia fazendo careta e cantar desafinada todo instante do dia. Era com o
pôr do sol que a água caía da caixa d'água na praça da matriz. A gente esquecia
o mundo debaixo daquela torrente. "Oia o avião, ô grandão! Vai bem baxim,
vai triscar na torre da serra do cipó". Saudade de um tempo em que a gente
era "inocente, bom e besta". Eu sou o mesmo, minha amiga, aquele
tempo pra mim nunca passou.
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